MEMÓRIAS DE UM ANDARILHO
CAMINHADAS NAS VIAS FÉRREAS ABANDONADAS
LINHA (DE CAMINHO DE FERRO) DO CORGO
Vila Real - Ermida/Povoação
- 20.novembro.2010 -
Vai para cerca de dois meses que não produzimos qualquer post para este blogue.
Circunstâncias várias, entre as quais as férias e o excessivo calor, contribuíram para que nos dedicássemos mais à leitura que à escrita.
Mas não queríamos deitar este mês de agosto fora sem completarmos a reportagem sobre a nossa caminhada na Linha do Corgo.
Já lá vão, aproximadamente, seis anos. E, entretanto, nestes seis anos, quer nas nossas vidas, quer ao longo do trilho da linha, muita coisa se passou. A reportagem desta etapa, no que diz respeito a este último item, é bem ilustrativa.
A nossa anterior etapa foi realizada entre Samardã e Vila Real, em 7 de novembro de 2010.
Esta é a sexta etapa, realizada em 20 de novembro de 2010, entre Vila Real e Ermida/Povoação.
Para além dos quatro caminhantes das últimas etapas - nós, o Rui, o Toquim e a Ana - nestas duas últimas veio-se juntar a nós um amigo de outras caminhadas noutras paragens, transmontano de cepa, mas vivendo para a zona dos «mouros», em Alcochete - o amigo Neca.
Para completarmos exatamente os 25.069 Km que nos faltavam, entre Vila Real e a Régua, decidimos percorrê-los em dois dias seguidos, num sábado e num domingo.
A logística assentou em levarmos de Chaves um atrelado tenda e colocá-lo ao lado da Estação da Povoação, onde realizaríamos ali o nosso jantar e dormiríamos.
Assim, na manhã do dia 20 de novembro de 2010, o Jeep Land Rover do Rui levou o atrelado tenda, montámo-lo e, no nosso carro, viemos, ao princípio da tarde, até à Estação de Vila Real para darmos início à etapa. Nosso cunhado Augusto, de Loureiro, Régua, trouxe o irmão Neca para se juntar a nós.
Ao princípio da tarde, começámos a caminhada. Ameaçava chuva. No início ainda caíram umas pinguinhas. Mas foi somente de molha tolos.
À saída de Vila Real, o arco-íris que aqui vemos
demostra o estado do tempo que se fazia húmido e chuvoso.
Contudo, com o decorrer do tempo, e apesar do receio da chuva, o tempo compôs-se, apresentando-se um tempo relativamente soalheiro.
Percorridos menos de dois quilómetros, depressa o grupo se partiu: Rui e Neca eram a locomotiva, indo à frente, em amena cavaqueira; Ana e Toquim, um pouco mais atrasados, iam animados e, aqui e ali, apreciando a paisagem e tirando fotografias, enquanto, lentamente, a paisagem se ia transformando no verdadeiro Douro Vinhateiro. Nós, ainda mais devagar, íamos mais recuado, filmando e tirando fotos.
Até que, a certa altura, cremos que antes de entrarmos nos limites de Folhadela, demos com este Marco de Feitoria,
com data de 1761, completamente abandonado no meio de um silvado. Este marco fez parte dos 134 colocados naquele ano, e que corresponde a uma alargamento da delimitação anterior feita poucos anos antes a mando do Marquês de Pombal.
Desta feita, neste local, em boa verdade, e para sul do termo de Vila Real, nas proximidades de Folhadela, começa o nosso Douro Vinhateiro.
Também nos limites de Folhadela, eis as obras de construção para o grande viaduto sobre o rio Corgo da A4
e que hoje podemos observar com toda a sua elegância e beleza.
A partir daqui, penetrámos no vale profundo do Corgo,
onde a vinha, a oliveira
e o sobreiro (Quercus suber)
são uma presença constante nesta paisagem, e onde as povoações, de corres albas, nos aparecem ao longe.
(Cenário I)
(Cenário II)
(Cenário III)
O rio Corgo, ziguezagueando, traça a bonita orografia do terreno.
Até que chegámos ao Cruzeiro. Olhando para o céu azul, quase coberto de nuvens, vemos a silhueta do viaduto sobre a IP3 (A24), na linha do horizonte, assente num calvário de socalcos.
Um pouco antes do apeadeiro de Carrazedo,
começa o pequeno vale da Ermida e da Povoação.
Nas proximidades de Carrazedo, entre o PK 16 e o PK 15,9, aqui
e ali
aparecem-nos solares envelhecidos pelo tempo e pelo abandono, lembrando-nos que por ali já se passaram melhores dias para uns, mas que, para outros, foram de sofrimento e escravidão, a que o cuidado constante da vinha (e do debelar das suas moléstias) os sujeitavam.
Por estas paragens não se vê outra coisa senão socalcos de vinhedos, entremeados por oliveiras.
Depois de percorrermos 13.627 Km, chegámos à povoação de Povoação e junto da sua antiga Estação.
O Rui, cozinheiro de serviço, preparou-nos uma saborosa massa de vitela, bem regada com molho de tomate.
Convidámos para comensal o nosso cunhado Augusto.
A certa altura, aparece-nos no atrelado tenda o amigo Borges, familiar do famoso Dr. Borges, nosso professor de hebraico, no Seminário de Vila Real, que nos providenciou o local para nos alojarmos.
Regámo-nos bem com um bom Vinho Fino, a ponto de, quando os nossos convidados partiram, já bem atestados, e o nosso amigo Neca também, com o irmão, a «festa» na tenda durou pouco tempo. Positivamente já estava tudo «pedrado».
Levantámo-nos com a cabeça pesada, mas cheios de genica para desmontarmos o atrelado tenda
e ansiosos por dar início à última etapa desta nossa caminhada pela Linha do Corgo.
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