Palavras soltas - A Casa Grande de Gogim
PALAVRAS SOLTAS
A CASA GRANDE DE GOGIM (ARMAMAR)
Nas nossas deambulações frequentes pelas terras do Douro, certo dia, passando pelo centro de Armamar, onde impera a sua igreja matriz, de raiz românica,
fomos ter a Gogim, um pouco mais à frente, considerada aldeia preservada, onde impera o seu velho e caraterístico casario.
Armamar é célebre pela sua produção de maçã de montanha.
Contudo, situada no coração do Douro, no Cima Corgo, é também terra de vinho,
onde não falta o vinhedo.
O que nos levou a Gogim foi uma visita à sua Casa Grande.
A Casa Grande de Gogim, ou Solar, foi residência dos Condes de Vila Flor e Alpedrinha.
Residência nobre, é o único solar existente no Município de Armamar.
Na página oficial do Município de Armamar, no que concerne ao seu património arquitetónico, ali pode ler-se:
“A fachada do solar tem dois pisos: existem frestas gradeadas no piso inferior e o piso nobre é composto pelo mesmo número de janelas emolduradas e debruadas de granito. No cunhal apresenta brasão, peça da heráldica dos proprietários. Em ligação com a fachada vê-se um muro alto que faz a ligação com a capela particular, de invocação a S. Domingos e onde estão sepultados os Condes de Samodães (1756-1866),
muro esse só interrompido no portal mas que impede por completo que se veja o interior da propriedade.
Passando o portal deparamo-nos com um amplo pátio onde se pode apreciar a escada de acesso ao piso superior e um pequeno tanque situado sob uma janela de balcão”.
Não pudemos ultrapassar o portal principal da casa por se encontrar fechado. Ainda uma senhora do local nos informou qual o senhor que, tendo a chave, nos poderia facilitar a entrada. Porque chovia abundantemente, deixámos a visualização do amplo pátio para outra ocasião.
Fica, contudo, aqui a sua imagem, retirada do sitio da internet «Turismo Porto e Norte de Portugal».
Na mesma página oficial do Município de Armamar diz-se que aquele imóvel sofreu em 1713 obras de reconstrução para receber a boda de D. Miguel Teixeira de Carvalho (1669-1756) com D. Maria Engrácia de Albuquerque.
Este acontecimento marcou a memória dos habitantes de Gogim e de todas as gentes do Concelho pela dimensão da festa com grande número de convidados, e pela abundância das sedas e dos damascos e o luxo dos coches que ali se viram.
Saindo do meio da povoação, por esta rua,
fomos reconhecer a envolvente da Casa, chegando à estrada.
Pela vinha que lhe está anexa,
demo-nos conta do estado de degradação avançada em que a Casa se encontra.
É pena!
Trata-se de um imóvel que, apesar de pertencer a ditas pessoas de «sangue azul», sendo propriedade dos herdeiros do último conde: D. Francisco Maria Martinho de Almeida Manuel de Vilhena, é, na verdade, «pertença» de toda uma comunidade que não só a construiu, como a manteve, servindo os seus legítimos donos durante muitos anos. A autarquia de Armamar (apesar de sabermos dos inúmeros entraves que a aquisição de um imóvel destes tem, quando estão em causa certos «pergaminhos» e, possivelmente, muitos herdeiros), bem podia tomar mão deste património, pondo-o ao serviço do Município de Armamar para as inúmeras funções que, nos termos da lei, lhe são atribuídas.
Voltámos para trás, rumo a Peso da Régua, deixando os vinhedos
das terras de Armamar.